Quando nutres
dias fazes
amanheceres
Ventre vento
leve salada
Na porta das entranhas
fechados lábios em fibras
agonizantes
despindo-se das peles e
convenções
vertendo-se em si mesma
para ninguém pertences à
proximidade dos lados.
Foges
comendo a própria
carne dos dedos
luminosos tesouros de
investidas solitárias na carne.
Tremes ante a claridade dos ventres.
avanças em gemidos
alegres e curtos cabelos
a violência do coqueiral nua
uma praia toda desperta.
Corres por entre ruas
na multidão envergonhada
e curiosa calculas
o tempo da narrativa e o
desfecho dos fatos crudos
da vida.
Sofres a dor rutilante
das horas folhas
mortes enfeitam as calçadas
sentadas sobre suas costelas
pessoas origens tenras genros
noras sogros foras do lugar
família labirinto menor
do universo vocação abissal
do abismo desconhecido pela
altura da queda que nos consome
à caminho...
Para a poetisa cearense
Paola Benevides.
carpinteirodaspalavras
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Transfiguração
Trans trás figuras
nas veias do
cotidiano
sons palavras entre
cortadas
Comunicas o terror
da solidão. Não ligas
nem desligas as cordas
do coração.
Sozinha no quarto
universo paralelo mônada
tufão
crias intervalos
viras intensidades
mutação
Cérebro cerebelo
cérele serelepes
percevejos
nos olhos da escuridão.
Para a poetisa cearense
Paola Benevides.
nas veias do
cotidiano
sons palavras entre
cortadas
Comunicas o terror
da solidão. Não ligas
nem desligas as cordas
do coração.
Sozinha no quarto
universo paralelo mônada
tufão
crias intervalos
viras intensidades
mutação
Cérebro cerebelo
cérele serelepes
percevejos
nos olhos da escuridão.
Para a poetisa cearense
Paola Benevides.
domingo, 25 de julho de 2010
COMUNHÃO DE CORPOS
A tua água na boca;
minha boca na água da tua boca...
A tua pele da língua;
minha língua na pele da tua língua...
A tua malícia dos olhos;
meus olhos na malícia dos teus olhos...
O teu caminho das mãos;
minhas mãos no caminho das tuas mãos...
O teu cheiro de pele;
minha pele no cheiro da tua pele...
A tua umidade de pêlo;
meu pêlo na umidade do teu pêlo...
A tua ausência de corpo;
meu corpo na ausência do teu corpo...
minha boca na água da tua boca...
A tua pele da língua;
minha língua na pele da tua língua...
A tua malícia dos olhos;
meus olhos na malícia dos teus olhos...
O teu caminho das mãos;
minhas mãos no caminho das tuas mãos...
O teu cheiro de pele;
minha pele no cheiro da tua pele...
A tua umidade de pêlo;
meu pêlo na umidade do teu pêlo...
A tua ausência de corpo;
meu corpo na ausência do teu corpo...
CARNAL
Tua pele encontra angustiada
A minha barba ainda rala,
Tomas minha mão para o gesto íntimo
E sistemático...
Te contorces, convulsiva,
Epiléptica no chão do meu corpo,...
Sussurro palavras escondidas aos
Teus poros desconhecidos,
Nossos pés fazem unhas
E conversam... distraídas caminhadas.
Vamos juntos ao prazer e ao abandono...
Contemplo teu corpo,
Teu cadáver sem vida,...
Que por alguns instantes,
Uniu-se à matéria bruta
E cósmica da natureza!
A minha barba ainda rala,
Tomas minha mão para o gesto íntimo
E sistemático...
Te contorces, convulsiva,
Epiléptica no chão do meu corpo,...
Sussurro palavras escondidas aos
Teus poros desconhecidos,
Nossos pés fazem unhas
E conversam... distraídas caminhadas.
Vamos juntos ao prazer e ao abandono...
Contemplo teu corpo,
Teu cadáver sem vida,...
Que por alguns instantes,
Uniu-se à matéria bruta
E cósmica da natureza!
TRANSFIGURAÇÃO
Uma lavandeira pousou sobre o teu rosto
e começou a alvejá-lo.
Tua boca como um vaga-lume,
flutuava no azul da noite;
Teus olhos abandonados,
exibiam as armas mortais
dos teus cílios enormes...
Foi quando abriste
tua inefável boca e deixaste ca
i
r
.
.
Uma singela gota de vida
sobre o negro seio da morte.
Tu amanhecias e,
teus lábios eram portas enormes,
cerradas, macias
nas quais guardavas, palpitante...
o róseo segredo do dia!
e começou a alvejá-lo.
Tua boca como um vaga-lume,
flutuava no azul da noite;
Teus olhos abandonados,
exibiam as armas mortais
dos teus cílios enormes...
Foi quando abriste
tua inefável boca e deixaste ca
i
r
.
.
Uma singela gota de vida
sobre o negro seio da morte.
Tu amanhecias e,
teus lábios eram portas enormes,
cerradas, macias
nas quais guardavas, palpitante...
o róseo segredo do dia!
DEVANEIOS EM TORNO DA MUSA
Se pelo menos estivesses
[ aqui
Tu dirias sorrindo, maliciosamente:
“amor, não vamos ter filhos agora”.
E chuparias o pau dos meus sonhos
e projetos. Me comerias até o fim...
[ a tarde
Meterias em mim. E, talvez eu não
me sentisse tão sozinho.
Arrumarias objetos práticos,
saídas para as nossas necessidades:
dormir, beber, cantar...
Enfeitarias os desvãos e arestas do
meu dia...
Devotarias um altar para os teus deuses
no meio da sala: sais, incenso, espumas...
Serias o não-abandono a cada olhar,
a cada toque, espreitarias a anti-pele
das tensões e dos medos.
Fingirias não te saber
serva e senhora dos meus
des-aververgonhados desejos....
Incentivarias meus inaceitáveis
vícios e falhas: “ são fraquezas no caráter do amor,
meu bem” (dirias diva divã)
Arrancarias pela raiz o dente podre
do caos – “prática” e demente
Te fundirias, fudidamente,
até despertares nas pálpebras
de um não-sorriso: metas, meto,
meta... nos rabos de “sputinik”
E serias minha estrela
suja, límpida, patética e corrosiva.
Só minha, apenas minha, toda
minha... e seríamos como uma
constelação... plenos, completos e se-
parados nos tornando várias coisas
ao mesmo tempo e, permanecendo
os mesmos.... in-completos e felizes
em nossa desolidão.
Ah, se pelo menos não tivesses
morrido naquele dia em nossa
fatídica despedida – “ ingênua incompetência para o amor”...
Ah, se pelo menos ainda estivesses
aqui, viva como agora nestes versos....
Ah, se pelo menos pudesses me ouvir...
Sei que virias até mim, e então eu não
teria morrido novamente, como agora,
des-falecendo nalgum lugar entre o céu e
a madrugada.
[ aqui
Tu dirias sorrindo, maliciosamente:
“amor, não vamos ter filhos agora”.
E chuparias o pau dos meus sonhos
e projetos. Me comerias até o fim...
[ a tarde
Meterias em mim. E, talvez eu não
me sentisse tão sozinho.
Arrumarias objetos práticos,
saídas para as nossas necessidades:
dormir, beber, cantar...
Enfeitarias os desvãos e arestas do
meu dia...
Devotarias um altar para os teus deuses
no meio da sala: sais, incenso, espumas...
Serias o não-abandono a cada olhar,
a cada toque, espreitarias a anti-pele
das tensões e dos medos.
Fingirias não te saber
serva e senhora dos meus
des-aververgonhados desejos....
Incentivarias meus inaceitáveis
vícios e falhas: “ são fraquezas no caráter do amor,
meu bem” (dirias diva divã)
Arrancarias pela raiz o dente podre
do caos – “prática” e demente
Te fundirias, fudidamente,
até despertares nas pálpebras
de um não-sorriso: metas, meto,
meta... nos rabos de “sputinik”
E serias minha estrela
suja, límpida, patética e corrosiva.
Só minha, apenas minha, toda
minha... e seríamos como uma
constelação... plenos, completos e se-
parados nos tornando várias coisas
ao mesmo tempo e, permanecendo
os mesmos.... in-completos e felizes
em nossa desolidão.
Ah, se pelo menos não tivesses
morrido naquele dia em nossa
fatídica despedida – “ ingênua incompetência para o amor”...
Ah, se pelo menos ainda estivesses
aqui, viva como agora nestes versos....
Ah, se pelo menos pudesses me ouvir...
Sei que virias até mim, e então eu não
teria morrido novamente, como agora,
des-falecendo nalgum lugar entre o céu e
a madrugada.
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