domingo, 25 de julho de 2010

MOSAICOS POÉTICOS I

Faço cinzeiro das paredes
apago o fogo das venezianas...
espero no papel uma rede
[escrevo.

Antes do dia, penso no seu nascimento,
e nas vidas que ainda dormem...

CUIDADO CARGA VIVA!

E os pedaços de sono
perdidos...

O nariz do sol sobre a planície
da tarde...

Temos assado cozido
a 3 km
estrada para canape-quente

Ando sempre com os mesmos passos...
passo sempre pelos mesmos buracos e,
tudo torna-se novo tropeço de viver...
Não consigo ter idéias inventadas,
apenas posso sentí-las ainda que provocadas
pela leitura de poemas não-eus mas que logo
tornam-se minhas partes íntimas...
Na latrina todos somos seres altamente reflexivos
e com toda a lucidez do mundo retornamos
às origens do pó de Adão religiosamente todos
os dias ou depois de uma puta feijoada....

Quando digo que não quero
é justamente isso que quero ser
quando crescer... por enquanto vou
vivendo lentamente meus últimos instantes...
[imberbe.

A ampulheta é a maior invenção da humanidade
porque é a pintura da eternidade, na suas rugas
e flacidezes de velha en-ternecida “flatus vocis”...
A sua fluidez e plasticidade o azulejo das veias
de uma negra linda o tempo...

Quando vamos fazer compras todos fazemos compras,
contas, e sonhos de dar certo... não ter tema é legal e
muito lógico e assim-temático, pois não dá pra fugir
do que não existe assim, como não dá pra sair do poema...
não tem uma porta, uma janela no poema...
é um lugar fechado para o infinito!

Seríamos mais felizes se fossemos menos ridículos
e mais des-avergonhados, com sangue de a-mora mesmo
pró-amor... e fanta laranja. Quando o amor acontece ele
desata todos os nós e, faz coisas lindas e circulares, às vezes rosas outras gira-sóis... na areia da praia, quanto no abismo e na noite... nos encontramos sempre em estado de ausência não importa em que companhia estejamos... Sempre falo que as coisas é que sabem de si e os objetos é que tem senso de humor... eles ficam sempre olhando fixamente e dando gargalhadas nas nossas caras-certezas...

As pedras e os anzóis
são perdas esdrúxulas
Os homens e os gatos
são perdas ex-drúxulas
As mulheres e as cafetinas
são perdas ex-lúxidas

Se fossemos falar da anatomia das cores
poderíamos começar pelas cordas vocais e
os chinelos... Mas quando temos medo aí mesmo
é que temos mais chances de não ter medo (pelo
menos enquanto estivermos com medo...)

Algumas das frases mais profundas da humanidade
ditas depois da barbárie e do holocausto...
bem que poderiam ter saído da boca de um adolescente
cheio de espinhas e artes masturbatórias:
“ Ah, estou envergonhado de ser homem”.

Ah, a relatividade da mulher aberta
que me encanta e faz sofrer...

A liquidez da vida
a sua fluidez fluida
espumante e etílica
seus dentes gélidos e
lábios calientes...
Toda lascívia e loucura
de seus beijus que entram
pelas narinas e vão até
os glóbulos mais vermelhos
de nossas terminações nervosas...

Nenhum comentário:

Postar um comentário